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Zona sul do Rio de Janeiro, final da década de 50, mais ou menos em 1958, e um grupo de jovens boêmios da classe média carioca inventou um gênero musical que provocou uma revolução na música popular brasileira e ganhou fama internacional. Depois do samba, certamente a bossa nova é o estilo músical brasileiro mais conhecido no mundo. E sua origem está justamente aí, muitos afirmam que, em essência, se trata de uma versão renovada do samba tradicional com influências do jazz.

A palavra bossa era mais uma gíria da época e significava moda ou estilo e, assim foi batizada pelos jovens músicos, compositores e poetas que fizeram a Bossa Nova nascer. Os primeiros acordes da nova moda musical foi atribuída a Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que criaram a canção “Se todos fossem iguais a você” para o filme Orfeu da Conceição. Isso era 1956 e nos dois anos seguintes, foram muitas reuniões de amigos, em apartamentos na orla de Ipanema e Copacabana, especialmente na residência das irmãs Danuza e Nara Leão, onde se gestou a Bossa Nova.

Críticos musicais afirmam que o divisor de águas ocorre com a participação de um baiano, João Gilberto, no disco “Canção do amor demais” de Vinicius e Tom. Nele estão registradas canções clássicas da Bossa Nova e João Gilberto incorporou os acordes dissonantes de seu violão, inspirados no Jazz americano. No ano seguinte, oficialmente nascia a Bossa Nova com o lançamento do disco de João com a música “Chega de saudade” de composição de Vinícius e Jobim. Daí em diante, a Bossa Nova ganhou novos adeptos e muita força, sendo conhecida em toda a América Latina, alcançando os Estados Unidos e se dispersando por todo o mundo.

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Como é sua estrutura melódica?

Uma fusão do jazz com o samba tradicional brasileiro fez nascer a primeira linguagem moderna da música brasileira. A santa trindade da Bossa Nova, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto reuniam os traços essenciais que deram forma a essa nova música popular nascida no Rio de Janeiro. Vinicius era o mestre da letra, Tom o mágico da harmonia e João o revolucionário do ritmo e da voz.

Na melodia da Bossa Nova é, portanto, uma mistura inconcebível anteriormente das influências do jazz e do samba. Uma fusão que resulta em inovação e modernização do ritmo tradicional brasileiro a partir do ritmo norte-americano. Um ritmo leve, suave, sincopado, fora do tempo, quase desafinado. João Gilberto introduziu uma nova forma de “bater” o violão, que repaginou a forma de tocar esse instrumento. Os três músicos brincavam com a melodia, criando novas sequências harmônicas e descobrindo novos caminhos nunca antes trilhados pela música brasileira.

Instrumentos utilizados na Bossa Nova

A Bossa Nova é um ritmo da música popular brasileira e, por isso mesmo, a simplicidade é seu traço fundamental quando se trata de instrumentos musicais. É fácil atribuir essa simplicidade ao fato de que ela nasce de uma reunião de amigos, jovens compositores, músicos e poetas, que, em meio ao cenário idílico do verão do Rio de Janeiro da década de 1950, criaram um novo gênero musical, basicamente a partir do violão. Sim, o violão é o instrumento principal da Bossa Nova.

Para ser Bossa Nova, minimamente tem que haver um violão acústico , com cordas de nylon e tocado com os dedos. É ele que dá o ritmo principal. Isso é fácil de notar nas apresentações e canções de João Gilberto, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra e todos os outros grandes nomes da Bossa Nova. Tom Jobim, por sua vez, incorpora à Bossa Nova, o piano, que também é reconhecido como um instrumento representativo, especialmente porque serve de ponte entre o samba e o jazz. Obviamente, incorporações secundárias são possíveis, como a percussão, com tambores e pandeiros, mas em essência a Bossa Nova se toca com um violão ou um piano.

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João Gilberto e sua história detrás da Bossa Nova

Um baiano de Juazeiro, músico metódico e extremamente obsessionado por seu violão. Quem conviveu com João Gilberto conta que a sua personalidade era bastante peculiar, extremamente perfeccionista e apaixonado pela música. Durante toda a década de 1950 esteve buscando o seu lugar ao sol na música brasileira. Fez inúmeras viagens ao Rio de Janeiro e tentava vender suas canções, mas sempre lhe diziam que primeiro era preciso ganhar fama na noite. Mas João se recusava a tocar em ambientes tão barulhentos, onde a música não era respeitada.

Em uma das suas muitas tentativas de reconhecimento no Rio de Janeiro, conheceu a Tom Jobim, que era um dos diretores da Odeon, uma empresa discográfica, lhe apresentou suas canções Bim Bom e Ho-ba-la-la. Daí em diante, ninguém segurava mais aquele baiano, que foi considerado o pai da Bossa Nova, por seus pares e gerações posteriores que o reverenciam até hoje, como Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil e muitos mais. Sua fama alcançou o mundo.

A Bossa Nova no mundo

O moderno gênero musical brasileiro ganhou o mundo e continua ecoando há mais de meio século. A música popular brasileira mais conhecida depois do samba, a Bossa Nova, ganhou versões em inglês e foi divulgada nos Estados Unidos já em 1963, por Norman Gimbel, letrista norte-americano e californiano. Sua adaptação de grandes canções como Garota de Ipanema, Insensatez e Meditação, nem sempre agradou a seus compositores, Vinícius de Moraes, Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, mas, com certeza, garantiu que essas músicas ganhassem fama internacional e a Bossa Nova fosse escutada e conhecida em todo o planeta.

Um exemplo histórico do impacto da Bossa Nova no mundo foi o convite recebido por Jobim para gravar um disco com o cantor Frank Sinatra, o que alavancou ainda mais a fama da Bossa Nova no mundo. João Gilberto carregou a fama de pai da Bossa Nova e realizou inúmeros shows em grandes casas de espetáculo na Europa, Estados Unidos (como o Carnegie Hall) e até mesmo na Ásia (tendo sido aplaudido por 25 minutos por uma platéia japonesa), sendo nominado, muitas vezes e em diferentes países, como um gênio da música.